Apesar de escrever pouco aqui, muito menos do que pretendia ou imaginava quando comecei o blog, vejo em média 3 filmes por semana. E toda semana revejo um filme. Gosto de ver filmes mais de uma vez, assim como gosto de escutar músicas repetidas vezes. Sobre músicas, somente consigo ter uma opinião quando já sei de cor a melodia. Enquanto eu não sei cantarolar um solo, não conheço a música.
Com filmes é um pouco diferente. Na primeira vez já temos uma boa noção do filme, temos um critério interno que nos permite comentar com os amigos e dizer se o filme é bom ou não, se gostamos ou não. Até mesmo se vale a pena ver ou não. Mas alguns filmes fogem deste principio básico, demandam a reexibição. São filmes normalmente complexos ou com alguma dica na narrativa que somente se revela no final, e exigem que sejam revistos. Independe de nossa vontade própria. Tem que ver de novo.
2001: uma odisseia no espaço é assim. Neste fim de semana revi o filme, acho que pela oitava vez. Cada vez que eu vejo, algo novo me vem a mente. E nestes tempos de internet, google, wikipedia, fica fácil ler mais alguns comentários e outras opiniões sobre o filme.
Alguns pontos curiosos e clássicos permanecem. O computador HAL, cujo nome derivou de IBM, menos 1 letra, continua sendo um dos melhores vilões de sci-fi do mundo. O quarto de hotel renascentista onde o astronauta Bowman chega continua chocante, intrigante e tão desafiador quanto a própria teoria da relatividade, onde tempo e espaço se misturam. E o sorriso de Bowman, ao se virar novamente para a mesa de jantar, após a sua própria chegada, é o sorriso mais enigmático do mundo! Desculpem-me Leonardo e Mona Lisa. Mas é! Será que ele viu a si próprio, assustado na chegada? Ou o alerta do monólito da Lua era destinado a ele?
Stanley Kubrick, em uma de suas entrevistas, disse que cada um podia fazer a interpretação que quisesse. E temos diversas interpretações e explicações pela internet. Para mim, Bowman entrou pelo monólito numa espécie de passagem de tempo e espaço, e como é dito no livro de Arthur Clarke, que também escreveu o roteiro, antes do seu próprio livro ser lançado, o quarto era uma espécie de laboratório, destinado a observação da natureza humana, desprovida de suas ferramentas, tecnologia e companhia. A presença do monólito novamente, as portas da morte, seria a porta de saída. A saída é a Vida Eterna. O que há destinado a todos após a passagem por aqui. Um belo filme.